As exportações da piscicultura brasileira sofreram impacto direto com a imposição da tarifa de 50% pelos Estados Unidos, que entraram em vigor em agosto deste ano. O país norte-americano respondia por cerca de 90% das vendas externas do setor, equivalentes a US$ 32 milhões no primeiro semestre. Com a medida, o fluxo de produtos brasileiros para esse mercado foi interrompido, afetando toda a cadeia produtiva.

Presidente da Peixe BR, Francisco Medeiros: “O Canadá é uma opção, mas a demanda é equivalente a apenas 10% do que exportávamos aos EUA” – Foto: Gabriel Muniz/Peixe PR
De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), Francisco Medeiros, o impacto recai principalmente sobre as empresas que haviam investido especificamente no mercado norte-americano, seja em certificações, unidades de processamento ou equipes especializadas. “Para essas companhias, a perda de exportações representa não apenas queda de receita, mas também o descompasso entre custos já realizados e impossibilidade de vender no exterior”, salienta.
Para enfrentar o cenário, muitas empresas estão redirecionando parte da produção para o mercado interno, ajustando volumes de abate e equipe de trabalho. No entanto, a realocação enfrenta limites: os filés frescos de tilápia, por exemplo, têm poucos mercados alternativos capazes de absorver os volumes antes enviados aos Estados Unidos. “O Canadá é uma opção, mas a demanda é equivalente a apenas 10% do que exportávamos aos EUA. É um mercado muito restrito para produtos premium como os nossos”, afirma Medeiros.
No mercado interno, o consumo segue estável, mas o excesso de oferta devido à suspensão das exportações já pressiona os preços pagos aos produtores. Além disso, a entrada de tilápia importada de baixa qualidade aumenta a concorrência e representa risco à competitividade da produção nacional.
Em relação a importação de peixes do exterior, Medeiros menciona que o principal problema hoje do Brasil é a

Foto: Diego Vargas
autorização para importação de tilápia do Vietnã feito pelo governo brasileiro, em razão do produto ser de baixa qualidade e com protocolos de processamento que são proibidos no país.
Segundo Medeiros, os impactos mais profundos só serão sentidos no próximo ciclo produtivo, pois os peixes atualmente em criação foram planejados considerando a expectativa de exportação aos Estados Unidos. “O setor precisa diversificar seus mercados para reduzir riscos futuros”, pontua.