A produção de peixes em Mato Grosso do Sul vive um momento de forte expansão, impulsionada especialmente pelo crescimento da tilapicultura. Em 2024, o estado atingiu a marca de 40.500 toneladas de pescado, um salto de 18,77% em relação ao ano anterior, consolidando-se como um dos protagonistas nacionais no setor. A tilápia foi responsável por 38.400 toneladas desse total, enquanto os peixes nativos, como pacu e pintado, somaram apenas 2.000 toneladas. Outras espécies, como carpa, truta e panga, responderam por 100 toneladas.
Conforme levantamento da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), esse avanço é resultado da crescente profissionalização da cadeia produtiva, com empresas locais ampliando sua escala de produção e se adaptando às exigências de qualidade e sustentabilidade do mercado. A modernização dos sistemas de cultivo, incluindo o uso de viveiros escavados, tanques-rede e melhorias no manejo, também contribuiu significativamente para esse crescimento. O estado conta hoje com 3.324 hectares de área dedicada à piscicultura, distribuídos em 10.305 viveiros e 2.456 tanques-rede.
Um dos marcos desse desenvolvimento é o salto expressivo que Mato Grosso do Sul deu no ranking nacional de produção de tilápia: em poucos anos, o estado subiu 15 posições, ganhando destaque no cenário brasileiro. A tilápia sul-mato-grossense, principalmente na forma de filés frescos e congelados, já começa a conquistar mercados exigentes como os Estados Unidos e o Canadá, o que pode representar um divisor de águas para a economia da região.
Maiores municípios produtores
Municípios como Selvíria, Itaporã e Aparecida do Taboado lideram a produção, seguidos por Dourados, Mundo Novo, Deodápolis, Paranaíba, Sidrolândia, Ponta Porã e Brasilândia, conforme dados preliminares da Pesquisa da Pecuária Municipal do IBGE. Essas localidades têm se beneficiado de programas de incentivo e atraído investidores interessados no potencial do setor.
Apesar do otimismo com a tilápia e a perspectiva de expansão para 2025, o setor enfrenta desafios que exigem atenção imediata. A queda na produção de peixes nativos preocupa técnicos e produtores, pois compromete a diversidade da piscicultura local – uma característica que sempre foi considerada um diferencial competitivo do estado. Manter essa variedade é essencial não apenas do ponto de vista ecológico, mas também econômico, pois amplia as oportunidades de mercado e reduz a dependência de uma única espécie.
O futuro da piscicultura em Mato Grosso do Sul depende da capacidade de equilibrar crescimento com sustentabilidade. Isso envolve fomentar tanto a produção intensiva de tilápia quanto políticas que incentivem a criação de espécies nativas, garantindo que o avanço do setor não venha à custa da biodiversidade que o caracteriza.