O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou nesta terça-feira (06) que o governo federal intensificou as negociações com os Estados Unidos para tentar reverter a aplicação de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.
Durante a 5ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS) o Conselhão, Alckmin criticou duramente a medida adotada por Washington, classificando-a como “totalmente injustificada” e desproporcional, especialmente diante da política tarifária brasileira em relação aos produtos norte-americanos. “Dos dez produtos que os Estados Unidos mais vendem ao Brasil, oito têm tarifa zero. A tarifa média de importação dos produtos americanos é de 2,7%. Enquanto isso, o Brasil passa a ser taxado com até 50% em parte expressiva de seus embarques”, afirmou o ministro.
Retaliação afeta mais de um terço das exportações

Photo: Claudio Neves
Segundo Alckmin, inúmeras reuniões bilaterais já foram realizadas, e parte dos itens brasileiros, 694 produtos, cerca de 45% das exportações afetadas, foram retirados da lista da sobretaxa. Outros 19,5% foram desonerados com base na Seção 232 da legislação americana, dispositivo que permite ao presidente dos EUA impor restrições comerciais por motivos de segurança nacional. No entanto, mais de 35% das exportações brasileiras seguem ameaçadas pela tarifa de 50%, que resulta da aplicação acumulada de duas taxas: uma de 10% e outra de 40%.
Estratégia inclui ampliação da base exportadora
Para enfrentar o impacto da medida e ampliar a competitividade das empresas brasileiras no exterior, o governo aposta em iniciativas como o Acredita Exportação, voltado para micro e pequenas empresas (MPEs). O programa prevê a devolução de 3% do valor das vendas externas, por meio de ressarcimento direto ou compensação tributária federal. “Essa devolução é um estímulo real. Todas as pequenas empresas terão acesso a esse crédito, o que vai ampliar nossa base exportadora, como já ocorre na China e na Itália”, defendeu Alckmin.
A medida, que antecipa efeitos da reforma tributária, busca reduzir o custo das exportações brasileiras, especialmente para pequenos negócios industriais, e fortalecer sua inserção no comércio global.
O vice-presidente também destacou avanços no Portal Único de Exportação, que deverá reduzir em até R$ 20 bilhões por ano os custos logísticos relacionados ao comércio exterior, especialmente pela digitalização de processos e pela simplificação de licenças de exportação e importação. “Uma carga parada um dia no porto representa 0,8% do seu valor. É esse tipo de ineficiência que estamos enfrentando com a modernização da gestão portuária e aduaneira”, explicou.
Comércio exterior brasileiro segue em alta
Mesmo diante do cenário de incerteza, os números do comércio exterior seguem positivos. No acumulado do ano, as exportações brasileiras somam US$ 185,48 bilhões, enquanto as importações totalizam US$ 151,78 bilhões, resultando em superávit comercial de US$ 33,7 bilhões. A corrente de comércio do país já ultrapassa US$ 337 bilhões.
Segundo Alckmin, a expectativa é de novo recorde nas exportações em 2025, com o governo apostando na diplomacia econômica, redução de entraves logísticos e fortalecimento de incentivos às empresas brasileiras, especialmente as de menor porte.