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Rural producers accumulate losses due to cereal defaults in Mato Grosso do Sul; Result is the most recent case

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Pelo menos 30 produtores rurais do Mato Grosso do Sul — concentrados nos municípios de Nova Andradina e Angélica — estão enfrentando sérios prejuízos financeiros após a falta de pagamento da Cerealista Result. A empresa teria solicitado a entrega antecipada da soja contratada antes do fim de abril de 2025, com promessa de quitação até o dia 30 do mesmo mês. No entanto, a maior parte dos produtores ainda não recebeu nenhum valor.

Segundo fontes ligadas ao Notícias Agrícolas, o caso da Result revela um padrão que preocupa cada vez mais o setor. O aumento de cerealistas de pequeno porte que operam com pouca transparência e acabam deixando produtores rurais no prejuízo. Só neste episódio, os prejuízos já somam cerca de R$ 25 milhões, podendo ser ainda maiores à medida que novos casos forem registrados. Apenas cinco produtores ingressaram com ações judiciais, mas há relatos de ao menos 30 agricultores já afetados.

De acordo com os relatos, muitos produtores realizaram a entrega da soja com base em acordos verbais ou promessas contratuais não assinadas. “A maioria dos casos envolve notas de compra de insumos e romaneios de recebimento como prova, mas os contratos em si não foram formalizados pela cerealista”, relata uma das fontes ouvidas pela reportagem, que pediu anonimato.

No caso da Cerealista Result, novas informações obtidas com exclusividade pelo Notícias Agrícolas indicam que a maioria dos silos da empresa já está sob alienação fiduciária por parte de uma instituição financeira. Isso significa que, caso a empresa não honre suas dívidas com o banco, os ativos poderão ser tomados, impedindo que a empresa entre com pedido de recuperação judicial — um dos instrumentos jurídicos mais comuns para empresas em crise tentarem reorganizar suas finanças.

Para o advogado Leandro Marmo, CEO do escritório João Domingos Advogados, esse tipo de situação exige atenção redobrada por parte dos produtores. “É essencial verificar a capacidade de armazenamento da empresa e fazer a conta inversa. Muitas vezes, essas cerealistas recebem duas a três vezes mais grãos do que conseguem estocar. O produtor entrega o produto, mas o silo já está comprometido ou vendido para terceiros. O risco de calote aumenta exponencialmente”, explica Marmo.

O número de pedidos de recuperação judicial no agronegócio disparou em 2025, refletindo o aumento da pressão sobre produtores diante de margens apertadas, inadimplência e desequilíbrios financeiros.

De acordo com dados da Serasa Experian, somente no primeiro trimestre de 2025 foram registradas 389 solicitações de recuperação judicial, o que representa uma alta de 21,5% em relação ao trimestre anterior e de 44,6% na comparação anual.

O destaque negativo ficou para os produtores rurais pessoa física, que lideraram os pedidos: foram 195 recuperações judiciais entre janeiro e março, contra 140 no trimestre anterior e 106 no mesmo período de 2024 — um crescimento expressivo que acende o sinal de alerta em todo o setor.

No recorte por estado, o Mato Grosso lidera o ranking de produtores pessoas físicas que buscaram a justiça para renegociar suas dívidas, com 50 pedidos de RJ no trimestre. Em seguida aparecem Goiás, com 38 solicitações, e Minas Gerais, com 31.

O aumento reforça o ambiente de instabilidade financeira vivido no campo, especialmente entre os produtores menores, que têm enfrentado não apenas os riscos climáticos e oscilações de mercado, mas também dificuldades de acesso a crédito, inadimplência de compradores e falhas contratuais — como os casos recentes envolvendo cerealistas em várias regiões do país.

O advogado relata já ter acompanhado casos parecidos, onde a empresa que recebeu os grãos acabou utilizando o valor da venda para quitar dívidas com bancos ou agiotas — deixando os produtores sem receber. “Eles acabam priorizando credores com maior poder de cobrança, e o produtor, que entregou o grão sem garantias sólidas, fica por último na fila. E o mais grave: já vimos esse tipo de prática levar a consequências trágicas”, relata.

Marmo lembra um episódio emblemático que atendeu na região de Goiatuba/GO, onde um produtor rural arrendatário acabou tirando a própria vida após entregar a produção a um armazém que não efetuou o pagamento. Sem ter recebido e com compromissos financeiros em aberto, o produtor corre o risco de perder a capacidade de seguir operando. “É uma situação delicada. Muitos podem levar anos até reaver o valor devido, e entrar com ações judiciais o quanto antes é essencial para garantir o bloqueio de bens ainda disponíveis dos responsáveis”, alerta o advogado Leandro Marmo, especialista em direito agrário.

Segundo Marmo, os produtores têm dois caminhos principais a seguir: o civil e o criminal. A depender do caso, há indícios suficientes para que a conduta da empresa seja investigada como possível estelionato. “Na esfera cível, é possível buscar o arresto dos grãos ou outros ativos. Mas, muitas vezes, não se encontra mais nada em nome da empresa. A alternativa é tentar converter esse arresto em valores monetários”, explica.

A dificuldade, contudo, vai além da cobrança formal. O advogado alerta que é comum que empresas envolvidas em calotes dessa magnitude não possuam patrimônio registrado em seus nomes, dificultando o ressarcimento. “Muitas dessas empresas operam deixando o mínimo de lastro em nome da pessoa jurídica ou de seus sócios. Em alguns casos, é preciso um trabalho mais aprofundado de investigação para identificar bens registrados em nome de terceiros ou laranjas. Ninguém desaparece com cerca de R$ 25 milhões e espera calmamente uma ação judicial chegar”, ressalta.

Diante desse contexto, Marmo reforça a importância da prevenção jurídica e da avaliação criteriosa da idoneidade das empresas com as quais o produtor negocia. “A segurança contratual, o histórico da cerealista e garantias reais precisam ser considerados. No atual cenário do agronegócio, negociar sem isso é um risco que pode custar anos de trabalho e estabilidade financeira.”

“Depois que você entrega o produto, fica muito mais difícil proteger seu direito. O ideal seria sempre ter um contrato assinado antes da entrega. O mercado mudou, está cheio de oportunista”, completou a fonte ouvida pelo Notícias Agrícolas.

O caso da Result não é isolado. Mato Grosso do Sul já teve episódios semelhantes envolvendo outras empresas. A Granosul, por exemplo, entrou com pedido de recuperação judicial. Outro caso recente envolveu a cerealista AGM, que também teria gerado prejuízo aos produtores na safrinha passada.

O advogado afirma que é preciso mais cautela na hora de fechar negócios com empresas pouco conhecidas. “Às vezes, por causa de dois ou três reais a mais na saca, o produtor assume um risco enorme. É muito mais seguro negociar com cooperativas, trades ou cerealistas maiores e consolidadas”, alerta Marmo.

Produtores e advogados ouvidos pela reportagem recomendam que, diante da instabilidade e dos crescentes casos de inadimplência, os agricultores não entreguem seus produtos sem contrato formal e garantias legais. Além disso, reforçam a importância de buscar orientação jurídica para preservar os direitos em caso de inadimplência.

THE Notícias Agrícolas tentou contato com a Cerealista Result por telefone e por e-mail, mas até o fechamento desta matéria não obteve retorno.

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